Bloqueio Auriculo-Ventricular de 2º Grau Mobitz II
Definição
Intervalos PR constantes até que surge uma, ou mais, onda(s) P não condutora(s) de impulso eléctrico (isto é, que não é (são) seguida(s) de complexo QRS), e
No registo eléctrico tem de haver pelo menos 2 ondas P consecutivas seguidas dos respectivos complexos QRS, caso contrário não é possível o diagnóstico diferencial entre Mobitz I e Mobitz II.
Causas
Fisiológico (ex. atletas com bradicardia sinusal) – extremamente raro
Degenerativo/idiopático
Autonómicas
Hipersensibilidade do seio carotídeo
Estimulação vaso-vagal (cardio-inibitória)
Tosse, defecação, micção, vómitos
DCI (aguda ou crónica)
Cardiomiopatia
HVE
Hipertensiva
Dilatada
Congénita
Doenças infiltrativas
Sarcoidose
Amiloidose
Hemocromatose
Linfoma
Doenças vasculares do colagénio
Artrite reumatóide
LES
Esclerodermia
Doenças do armazenamento
Alterações hidroelectrolíticas
HipoK
HiperK
HiperCa2+
HiperMg2+
Alterações metabólicas/ácido-base
Hipotiroidismo
Anorexia
Hipóxia
Acidose
Trauma/pós-cirurgia cardíaca
Hipotermia
Alterações neurológicas
Aumento da pressão intracraniana
Tumores SNC
Epilepsia do lobo temporal
SAOS
Doenças genéticas e neuromusculares
Múltiplas alterações hereditárias
SSS2, AD, OMIM #163800 (15q24-25)
Disfunção Sino-Auricular com miopia (OMIM #182190)
Encaminhar para SU (ver abordagem). Em ambulatório, e após tratamento agudo e seguimento em consulta de Cardiologia, considerar:
Estudo Padrão
ECG
Holter
Ecocardiograma
Prova de esforço/cintigrafia, de acordo com FRCV
Polissonografia se suspeita de SAOS
Outros, de acordo com suspeita clínica
Abordagem
Na presença ou suspeita (ex. padrão de BAV 2º grau 2:1, em que não seja possível o diagnóstico diferencial entre Mobitz I e bloqueio avançado) de Mobitz II, referenciar para SU, quer os doentes estejam sintomáticos ou não.
Excepção: Se episódios ocorrerem exclusivamente durante o sono, forem raros, assintomáticos, sem história de síncope, não houver cardiopatia estrutural, e forem seguidos de complexos QRS estreitos. Nesses casos, não é necessária referenciação a consulta ou SU, mas deve-se manter vigilância de sinais/sintomas e repetir holter pelo menos anualmente.