Supradesnivelamento do Segmento ST

  1. O diagnóstico diferencial de supradesnivelamento do segmento ST deve ser feito o mais rápido possível, tendo sempre em conta a história clínica. Ver abordagem.
  2. Os supra e infradesnivelamentos do segmento ST devem ser avaliados pela posição Ponto J do  tendo como referência a linha de base do intervalo PR.
  1. Fisiológico/Normal
  2. Isquemia
    1. EAM
    2. Angina de Prinzmetal
    3. Síndroma de Takotsubo
    4. Pós-EAM (aneurisma ou áreas de discinésia da motilidade segmentar do ventrículo)
  3. Pericardite/miocardite aguda
  4. HVE
  5. BRE
  6. Outros
    1. TEP
    2. Síndroma de Brugada
    3. Ondas Epsilon
    4. Repolarização Precoce
    5. Anti-arrítmicos classe 1C
    6. AVC
    7. HiperCa2+
    8. HiperK+
    9. Hipotermia
    10. Tumor cardíaco
    11. Trauma ventricular
    12. Dissecção aórtica
    13. Aneurisma ventricular
  1. Ver abordagem
  1. São vários os diagnósticos diferenciais de supradesnivalemanto do segmento ST, sendo essencial o contexto clínico em que ocorrem. Se os sintomas forem sugestivos de DCI aguda, ou dúvidas quanto ao diagnóstico diferencial, o utente deve ser encaminhado ao SU.
  2. De seguida, apresentaremos algumas das causas mais frequentes de supradesnivelamento do segmento ST, e as respectivas características electrocardiográficas. Para uma lista mais exaustiva, ver causas.
    1. Normal:
      1. Elevação do ponto J <0,1mV nas derivações pré-cordiais, podendo ser ligeiramente superior (<0,2mV nos homens e <0,15mV nas mulheres) em V2-V3;
      2. Geralmente o segmento ST tem concavidade superior.
    2. EAM com supradesnivelamento de ST
      • Num contexto clínico sugestivo, e na ausência de bloqueio de ramo, hipertrofia ventricular ou ritmo de pacemaker:
        • Supradesnivelamento do ponto J (Figura – Supra ST) ≥ 0,1mV em ≥ 2 derivações contíguas, excepto em V2-V3, onde tem de ser:
          1. ≥ 0,2mV nos homens com ≥ 40 anos;
          2. ≥ 0,25mV nos homens com <40 anos;
          3. ≥ 0,15mV nas mulheres, independentemente da idade.
      • Se avaliado numa fase inicial o supradesnivalemento do segmento ST pode ainda não ser visível. A cronologia típica de eventos é:
        • 1º: Onda T hiperaguda, simétrica;
        • 2º: Elevação do segmento ST, inicialmente mantendo a concavidade superior, mas assumindo progressivamente uma convexidade superior e com declive ascendente;
        • 3º: Fusão segmento ST com onda T;
        • 4º: Passada a fase aguda, com o passar dos dias/semanas, o segmento ST volta ao normal, desenvolve-se uma onda Q patológica, há diminuição da amplitude da onda R e inversão da onda T.
    3. Pericardite aguda/miocardite
      1. Supradesnivelamento difuso, isto é, em todas ou várias derivações (excepto aVR, onde ocorrerá infradesnivelamento), não necessriamente contíguas, do segmento ST.
      2. Geralmente o segmento ST assume uma conformação com concavidade superior.
      3. Pode haver infradesnivelamento do segmento PR.
    4. HiperK
      1. Pode ocorrer supradesnivalemento do segmento ST, geralmente com concavidade superior e declive em decrescendo.
      2. Frequentemente acompanhado de outras alterações no ECG. Por ordem de aparecimento:
        • 1º Ondas T hiperagudas;
        • 2º Encurtamento do intervalo QT;
        • 3º Aumento progressivo do intervalo PR e QRS;
        • 4º Desaparecimento da onda P;
        • 5º Padrão sinusoidal do QRS.
    5. Angina de Prinzmetal
      1. Supradesnivalemento do segmento ST semelhante a EAM com supra de ST, com a diferença que dura apenas escassos minutos e desaparece para dar lugar a um ECG normal.
    6. Tromboembolismo pulmonar
      1. Pode mimetizar um EAM com supra de ST nas derivações antero-septais (V1-V4).
      2. Pode estar acompanhado de: taquicardia sinusal; padrão S1Q3T3; bloqueio de ramo direito, completo ou incompleto.
    7. Aneurisma ventricular
      1. Supradesnivelamento do segmento ST, em tudo semelhante a EAM com supra de ST, mas que dura várias semanas.
    8. No caso de HVEHVDBRDBREWPWos supradesnivelamentos do segmento ST são geralmente secundários a alterações de despolarização. No entanto:
      1. Sugestivo de isquemia se:
        • Anamnese sugestiva, independentemente do segmento ST; e/ou
        • Segmento ST e/ou onda T supradesnivelados no mesmo sentido que o complexo QRS (concordantes); e/ou
        • Segmento ST e onda T em sentidos opostos; e/ou
        • Onda T com padrão bifásico (primeiro positiva, depois negativa); e/ou
        • Onda T simétrica, invertida, ampla, com configuração afunilada, e segmento ST com declive horizontal, ligeiramente “curvado”, simulando uma convexidade superior; e/ou
        • Alterações progressivas, ao longo do traçado, do segmento ST (ex. o supradesnivelamento torna-se gradualmente mais, ou menos, acentuado).
      2. Não sugestivo de isquemia se:
        • Anamnese não sugestiva de DCIe
        • Segmento ST e onda T na direcção oposta do complexo QRS (discordantes) – no caso do BRD, segmento ST e onda T no sentido oposto à porção terminal do QRS); e
        • Segmento ST e onda T desviados no mesmo sentido; e
        • Segmento ST e onda T não variam ao longo do traçado ECG.
    9. Repolarização Precoce