Taquicardia de Reentrada do Nó Aurículo-Ventricular

Ocorre quando há reentrada da condução eléctrica no NAV. Pode ser típica, caso a via acessória seja uma via lenta (cerca de 95% dos casos); ou atípica, caso seja uma via rápida.

  1. FC > 100 bpm, geralmente entre os 120 e os 220bpm e
  2. QRS <120ms.
  3. Geralmente, intervalos R-R regulares.
  4. Quando as ondas P são visíveis, estão invertidas nas derivações DII, DIII, aVF e V6.
  5. Forma típica
    • Ondas P não visíveis ou
    • Pseudo-R’ em V1 e pseudo-S nas derivações inferiores e
    • Quando a onda P é visível, intervalos PR longos; intervalos RP curtos
  6. Forma atípica
    • Intervalos PR curtos; intervalos RP longos (semelhante a taquicardia auricular), e
    • Ondas P negativas em DII, DIII, avF e V6, mas positivas em V1
  7. Frequentemente começa e acaba abruptamente
  8. Em até metade dos casos, pode ocorrer inversão das ondas T e segmentos ST

NOTA:   Se associado a outras alterações electrocardiográficas (ex.: bloqueios de ramo), podem ocorrer TRNAV com QRS largos (≥120ms)

  1. Idiopático (via acessória)
    1. Mulheres
    2. 2 picos: 10-20 anos; e 40-50 anos
  2. Cardiopatia estrutural
  1. Estudo Padrão
  2. Ecocardiograma
  3. HOLTER
  4. Geralmente é necessário estudo electrodinâmico para fazer o diagnóstico diferencial com outras taquicardias juncionais.
  1. Doente que se apresenta na consulta com taquicardia supraventricular sustentada deve ser encaminhado para SU se:
    1. FC ≥ a 150bpm; ou
    2. Sinais de compromisso hemodinâmico (ex. síncope, dispneia, confusão mental, sinais/sintomas de IC, ou hipotensão); ou
    3. Suspeita de causa aguda grave (ex. tirotoxicose, EAM, múltiplos FRCVTEP, pericardite, etc.); ou
    4. Cardiopatia estrutural significativa (ex. HVE marcada, disfunção da função ventricular , valvulopatia moderada/grave, cardiopatia congénita); ou
    5. História de arritmia com risco de morte súbita (ex. QT longo, Brugada, WPW, taquicardia de complexos QRS largos); ou
    6. Não seja possível monitorizar utente na Unidade de Saúde e/ou taquicardia não reverta com manobras vagais.
  2. Se nenhum dos eventos anteriores se verificar, e houver possibilidade de monitorização contínua do traçado eléctrico e sinais vitais, pode-se tentar, no sentido de reverter episódio agudo:
    1. Manobras vagais e vigilância na unidade de saúde durante pelo menos 1 hora. São úteis no diagnóstico diferencial das diferentes taquicardias e podem ser suficientes para cessar arritmia.
    2. Se recidiva/persistência, encaminhar para SU.
  3. Após tratamento/cessação de episódio agudo, se diagnóstico confirmado, sem cardiopatia (ex. ICDCI crónica, HVE, valvulopatia), sem recidiva, episódios raros, de curta duração, sem compromisso hemodinâmico, e não desejarem ablação por catéter, recomenda-se:
    1. Ponderar nenhum tipo de medicação mas apenas vigilância de sinais/sintomas e repetir MCDT anualmente.
    2. Caso se opte por terapêutica farmacológica, β-Bloq ou BCC não dihidropiridínicos na ausência de contraindicações. Se não responder a uma classe de fármacos após titulação de dose, substituir pela outra.
    3. Cerca de metade dos doentes fica assintomático num período de 13 anos.
  4. No entanto, os doentes com as características abaixo indicadas deverão ser encaminhados para consulta de Cardiologia. Enquanto aguarda pela consulta, e na ausência de contraindicações, medicar com β-Bloq ou BCC não dihidropiridínicos.
    1. Preferência do doente por ablação (1ª linha, geralmente eficaz e com baixo risco de complicações); e/ou
    2. Dificuldade no diagnóstico diferencial com outras Taquicardias; e/ou
    3. Cardiopatia significativa (ex. ICDCI crónica, HVE, valvulopatia) conhecida ou de novo; e/ou
    4. Episódios recorrentes ou incessantes; e/ou
    5. Tratamento farmacológico ineficaz ou contraindicado.