Taquicardia Sinusal

Na taquicardia sinusal, o nó sinusal está anormalmente activado:

  1. Onda P sinusal
    1. Positiva em DI, DII e aVF;
    2. Bifásica ou negativa em V1;
    3. Precede o complexo QRS; e
  2. FC > 100 bpm, mas não superior a 220bpm e
  3. QRS ≤120ms, e
  4. Geralmente tem uma fase inicial de aceleramento progressivo da FC, e termina com uma desaceleração progressiva da FC.
  5. Pode ser fisiológica, se em resposta a estímulos, medicação, etc. (ver causas), ou inapropriada caso não haja nenhuma causa aparente.
  1. Fisiológico
    1. Exercício
    2. Gravidez
    3. Emoções fortes
  2. Causas patológicas não cardíacas
    1. Dor
    2. Febre
    3. Infecções
    4. Tumores malignos
    5. Doença de Cushing
    6. Hipertiroidismo
    7. Diabetes mellitus com disfunção autonómica
    8. Hipoglicemia
    9. Anemia
    10. Ansiedade
    11. Hipotensão
    12. Feocromocitoma
    13. Choque
    14. TEP
  3. Causas cardíacas
    1. IC
    2. Pericardite
    3. Doença valvular
    4. EAM
  4. Iatrogénico
    1. Epinefrina
    2. Norepinefrina
    3. Dopamina
    4. Dobutamina
    5. Atropina
    6. Agonistas β2 (ex.: salbutamol)
    7. Metilxantinas
    8. Doxorrubicina
    9. Desmame de β-Bloq
  5. Drogas
    1. Anfetaminas
    2. Cocaína
    3. LSD
    4. Ecstaty
    5. Cannabis
  6. Cafeína
  7. Álcool
  8. Genético (mutação HCN4)
  9. Idiopático (taquicardia sinusal inapropriada)
  1. Estudo Padrão
  2. Ecocardiograma
  3. HOLTER
  4. Outros, de acordo com suspeita clínica (ver causas)
  1. Encaminhar para SUdoente que se apresenta com taquicardia sinusal se:
    1. Instabilidade hemodinâmica (ex. hipotensão, agravamento de IC, síncope); e/ou
    2. Se sinais/sintomas sugestivos de causa aguda grave (hipoxémia, angina instável, TEP, sepsis, etc.); e/ou
    3. História de arritmia associada a risco de morte súbita (ex. Brugada, QT longo, WPW); e/ou
    4. Dúvida no diagnóstico diferencial com outras taquicarritmias de complexos QRS estreitos.
  2. Excluídos factores do ponto anterior, tratar a causas e repetir MCDT . A taquicardia sinusal fisiológica desaparece, geralmente, com a reversão da causa.
  3. Quando nenhuma causa é encontrada ou persiste a taquicardia após reversão da causa, deverá ser feito diagnóstico diferencial entre taquicardia sinusal idiopática (TSI), taquicardia ortostática persistente e outras Taquicardias de complexos QRS estreitos. A TSI (diagnóstico de exclusão) é:
    1. Taquicardia sinusal em repouso, ou com actividade mínima e desproporcional ao que seria de esperar para a condição física do utente, sem causa aparente;
    2. Mais frequentes em mulheres jovens;
    3. Geralmente persistente. No entanto, raramente, pode haver um circuito de reentrada no nó sinusal, desencadeando episódios de taquicardia sinusal paroxísticos de curta duração, com início e fim abruptos. A abordagem é semelhante à da TSI (ver abaixo).
  4. Confirmada a TSI, tranquilizar utente, o prognóstico é benigno e o tratamento visa a melhoria sintomática. Medidas não farmacológicas, como evicção de estimulantes (álcool, cafeína, tabaco) e prática de exercício físico, devem ser tentatadas em primeiro lugar.
  5. Frequentemente as medidas não farmacológicas não são eficazes. No entanto, caso os sintomas sejam incomodativos para o utente, tentar:
    1. β-Bloq. Baixa eficácia e geralmente são necessárias doses altas, com consequentes efeitos secundários.
  6. Encaminhar para consulta de Cardiologia se:
    1. Dúvidas/dificuldade no diagnóstico diferencial; ou
    2. Cardiopatia estrutural de novo; ou
    3. Persistência de sintomas incomodativos após medidas farmacológicas e não farmacológicas; ou
    4. Sintomas incomodativos e contraindicação para tratamento farmacológico.