Repolarização Precoce

Figura – Repolarização Precoce

Termo que representa alterações cuja patofisiologia ainda é pouco conhecida, mas que parece estar relacionada com mutações nos canais iónicos:

  1. Elevação do ponto J*1  0,1mV em ≥ 2 derivações adjacentes, inferiores (DII, DIII, aVF) ou laterais (DI, avL, V5, V6), e
    1. Pequena deflexão positiva (“entalhe”) na região final do complexo QRS – onda Je/ou
    2. Caso a onda J fique escondida pelo complexo QRS, pode-se apresentar como um “empastamento” da porção final do QRS. Ou seja, o declive abrupto da porção final do QRS é subitamente interrompido por um declive menos acentuado.

NOTAS: 

  • Síndrome de Repolarização Precoce: Denomina-se síndroma de repolarização precoce quando o doente com padrão de repolarização precoce que recupera de uma taquicardia ventricular polimórfica ou fibrilhação ventricular, sem outra cardiopatia que melhor explique a Taquicardia.
  • Padrão de Repolarização Precoce: Diz-se padrão de repolarização precoce quando o utente nunca teve os sinais/sintomas descritos na síndrome de repolarização precoce.

 

*Ponto que fica entre o fim do QRS e o início do intervalo ST

*Incluindo padrão de Brugada e onda Epsilon

  1. Idiopático sobretudo em
    1. Homens
    2. Jovens
    3. Atletas
  2. Congénito
    1. Mutação KCNJ8
    2. Mutação CACNA1C
    3. Mutação CACNB2
    4. Mutação CACNA2D1
    5. Mutação SCN5A
  1. Estudo Padrão
  2. ECG
  3. HOLTER
  4. Ecocardiograma
  1. Encaminhar para SU utentes que:
    1. Se apresentem na consulta com taquicardia de complexos QRS largos.
  2. Nos restantes utentes, pedir MCDT e encaminhar para consulta de Cardiologia, com carácter urgente, se houver características de alto risco:
    1. Antecedentes de paragem cardio-vascularou
    2. Antecedentes de síncope de causa cardíacaou
    3. Antecedentes de taquicardia de complexos QRS largos; ou
    4. Pelo menos umdos seguintes:
      1. Padrão de repolarização precoce com características de alto risco:
        1. Ondas J >0,2mV; ou
        2. Ondas J que variam de amplitude (>0,1mV); ou
        3. Declive descendente ou horizontal do segmento ST; ou
        4. Não se conseguir descartar com segurança alguma destas características; ou
    5. História familiar de morte súbita de causa cardíaca ou inexplicada, ou paragem cardio-vascular em idade jovem (<40 anos); ou
    6. História familiar de síndrome de repolarização precoce.
  3. Recomenda-se estudo clínico (com MCDT) em familiares de primeiro grau de utente com síndrome de repolarização precoce , no sentido de descartar padrão de repolarização precoce com características de alto risco (ver ponto 2.).
  4. Se nenhuma das características de alto risco se veririficar, estamos na presença de um padrão de repolarização precoce, que é extremamente frequente e, na grande maioria das pessoas, uma alteração benigna. Tranquilizar utente e vigiar aparecimento de sintomas.