No BAV de 1º grau não há um verdadeiro bloqueio mas sim um atraso de condução, pois todos os impulsos são conduzidos das aurículas para os ventrículos.
Condução 1:1 (ou seja, todas as ondas P são seguidas de QRS), e
Intervalo PR >200ms, em repouso.
Num ECG de rotina, um limiar >300ms seg parece ser mais sensível e específico.
Causas
Fisiológico
Crianças
Adultos jovens
Durante o sono
Atletas
Degenerativo/idiopático
Autonómicas
Hipersensibilidade do seio carotídeo
Estimulação vaso-vagal (cardio-inibitória)
Tosse, defecação, micção, vómitos
DCI (aguda ou crónica)
Cardiomiopatia
HVE
Hipertensiva
Dilatada
Congénita
Doenças infiltrativas
Sarcoidose
Amiloidose
Hemocromatose
Linfoma
Doenças vasculares do colagénio
Artrite reumatóide
LES
Esclerodermia
Doenças do armazenamento
Alterações electrolíticas
HipoK
HiperK
HiperCa2+
HiperMg2+
Alterações metabólicas/ácido-base
Hipotiroidismo
Anorexia
Hipóxia
Acidose
Trauma/pós-cirurgia cardíaca
Anorexia
Hipotermia
Alterações neurológicas
Aumento da pressão intracraniana
Tumores SNC
Epilepsia do lobo temporal
SAOS
Doenças genéticas e neuromusculares
Múltiplas alterações hereditárias
SSS2, AD, OMIM #163800 (15q24-25)
Disfunção Sino-Auricular com miopia (OMIM #182190)
Ecocardiograma se suspeita clínica de doença cardíaca
Prova de esforço, se sintomas durante ou após exercício
Polissonografia se suspeita de SAOS
Outros, de acordo com suspeita clínica.
Abordagem
Procurar ativamente uma causa. É importante uma boa anamnese com história pessoal, familiar, viagens, consumo de fármacos, exame físico, e MCDT.
Encaminhar para SU se:
Hemodinamicamente instáveis (ex. síncopes, hipotensão, agravamento de IC, cansaço marcado), o que ocorre geralmente com BAV marcados, isto é, >600ms;
BAV 1º grau associados a complexos QRS largos.
Nos restantes casos, encaminhar para consulta de Cardiologia se:
Doenças genéticas/neuromusculares graves (ex. distrofia muscular, síndrome Kearns-Sayre), mesmo se assintomáticos.
Sintomas ligeiros, mas incomodativos para o utente (ex. palpitações, cansaço ligeiro), correlacionados com o BAV, e intervalo PR >300ms –– pedir MCDT e reverter eventuais causas, se possível/desejável. Reavaliar em 4 a 6 semanas:
Se houver reversão de BAV, não é necessária referenciação a Cardiologia. Vigiar sinais e sintomas.
Se mantiver sintomas, intervalo PR>300ms, e não for possível/desejável reverter a causa, referenciar para consulta de Cardiologia.
Nos restantes casos, que corresponderão à maioria:
É um achado benigno: tranquilizar utente.
Se suspeita de SAOS e BAV (intervalo PR >300ms) durante o sono, pedir polissonografia.
Se assintomáticos/sem correlação entre sintomas e BAV e sem nenhum dos critérios descritos nos pontos anteriores, vigilância periódica (cada 12 meses) com ECG e, se clinicamente justificado (ex. cansaço de novo), HOLTER e ecocardiograma; controlo de FRCV. Avisar o doente que, caso desenvolva sintomas (ex. síncope, palpitações, sintomas de IC), deve procurar ajuda médica.