Wolff-Parkinson-White

Figura – WPW

padrão Wolff-Parkinson-White (WPW) resulta da existência de uma VA (feixe de Kent) que conecta as aurículas aos ventrículos, permitindo a condução directa do impulso eléctrico pela via anterógrada. O resultado é que uma parte do miocárdio é estimulada antes (pré-excitação) da activação normal via NAV/sistema His-Purkinje.

  1. Intervalo PR <120ms; e
  2. Onda delta:
    1. “Empastamento” da porção inicial do QRS. Ou seja, a porção inicial do QRS tem um declive que progride gradualmente (para cima ou para baixo da onda isoeléctrica), até ser interrompido pelo declive habitual, abrupto, das ondas do intervalo QRS; e
  3. QRS > 120ms; e
  4. Geralmente os segmentos ST e onda T ocorrem no sentido oposto ao dos vectores da onda delta, causando inversões de ondas T e segmentos ST nas derivações onda delta é visível. Essas anomalias na repolarização podem dificultar diagnósticos de isquemia, pericardite, ou hipertrofia ventricular.
  5. Se houver Taquicardia num doente com padrão WPW, estamos na presença de um síndrome de Wolff-Parkinson-White. Por ordem decrescente, as Taquicardias mais frequentemente associadas são:
    1. TRAV – ~80% dos casos
    2. FA com resposta ventricular rápida – ~20% dos casos
    3. Flutter auricular com resposta ventricular rápida – raramente
    4. Taquicardia de complexos QRS largos se condução antidrómica do impulso cardíaco
  1. Via acessória
    1. Feixe de Kent
  2. Cardiopatia
    1. Síndrome de Ebstein
    2. Prolapso da válvula tricúspide
    3. Cardiomiopatia hipertrófica
  3. Doenças genéticas
    1. Gene PRKAG2
    2. Gene LAMP2 (Doença de Danon)
    3. Doença de Fabry
  1. Estudo Padrão
  2. ECG de repouso
  3. HOLTER
  4. Prova de esforço
  5. Ecocardiograma
  1. Doente que se apresente na consulta com taquicardia, e tenha história de WPW, deve ser encaminhado para SU.
  2. Nos restantes, a maioria dos doentes com padrão WPW estará assintomática e sem cardiopatia estrutural, necessitando apenas de vigilância periódica e podendo a onda delta ser intermitente ou  mesmo desaparecer com os anos. No entanto, uma pequena percentagem de doentes desenvolverá uma arritmia supraventricular (ex. FA) com risco associado de Taquicardia ventricular. Por isso, todos os doentes, independentemente do risco, devem ser referenciados a consulta de Cardiologia para eventuais estudo electrofisiológico e ablação por catéter.
    1. Enquanto aguarda consulta de Cardiologia, pedir MCDT para estratificação de risco:
      1. Características que sugerem baixo risco:
        • Ausência de cardiopatia estrutural ou FRCV, e
        • Períodos com QRS sem onda delta no HOLTER e/ou ECG, ou
        • Perda da onda delta com FC altas durante a prova de esforço.
      2. Características que podem estar associadas a alto risco:
        • Ondas delta durante todo o período de HOLTER e/ou prova de esforço;
        • Sexo masculino;
        • Cardiopatia;
        • Idade jovem;
        • Intervalos RR curtos durante um período de FA com RVR ou FC altas.
  3. Devido ao risco de desencadear Taquicardias supraventriculares com RVR, nas pessoas com padrão WPW:
    1. Verapamildiltiazem e digitálicos são contraindicados.
    2. β-Bloq devem ser utilizados apenas se houver indicação por parte de Cardiologia, em utentes de baixo risco.