São vários os diagnósticos diferenciais de ondas T proeminentes, sendo essencial o contexto clínico em que ocorrem. Se os sintomas forem sugestivos de DCI aguda, ou houver dúvisdas em relação ao diagnóstico diferencial, o utente deve ser encaminhado ao SU.
De seguida, apresentaremos algumas das causas mais frequentes de ondas T proeminentes, e as respectivas características electrocardiográficas. Para uma lista mais exaustiva, ver causas.
Variante do Normal
Ondas T com amplitudes > 0,5mV podem ser idiopáticas, não devendo, no entanto, exceder os
Ondas T proeminentes são raras em situações fisiológicas (<2% da população) e como tal devem ser excluídos outros diagnósticos (ver pontos seguintes).
DCI aguda
EAM com supradesnivelamento do segmento ST
A primeira manifestação (cerca de 2 minutos após a oclusão arterial) de um EAM com supra de ST pode ser ondas T proeminentes, geralmente simétricas, em 2 ou mais derivações contíguas. Para a cronologia típica de eventos, ver o respectivo capítulo.
EAM sem supradesnivelamento do segmento ST
Inversão acentuada (>0,5mV) da onda T;
Geralmente simétricas, não concordantes com o complexo QRS;
Não são específicas de EAM. No entanto, os seguintes sinais são extremamente sugestivos (ver respectivos capítulos):
Embora haja casos raros documentados de hiperK grave sem aletrações no ECG, e não haja uma boa correlação entre o ECG e a concentração de potássio, está descrita a seguinte evolução:
[K] 5,5-6,5 mEq/L: Onda T simétrica, proeminente, em tenda (ou seja, com o topo espiculado, ao contrário do EAM) e encurtamento do intervalo QT;
[K] 6,5-7,5 mEq/L: Perda da onda P e aumento do intervalo PR;
[K] 7,5-8,0 mEq/L: QRS largos;
[K] >8,0 mEq/L: QRS com padrão sinusoidal até ausência completa de actividade eléctrica.
AVC
Embora seja um padrão raro, pode ajudar o diagnóstico diferencial num contexto clínico sugestivo. Ocorre sobretudo nos AVC hemorrágicos.
Inversão profunda das ondas T (amplitude >0,5mV), geralmente em várias derivações – chamadas ondas “T cerebrais”.
No caso de HVE, HVD, BRD, BRE, WPW, as ondas T proeminentes são geralmente secundárias a problemas de despolarização. No entanto:
Sugestivo de isquemia se:
Anamnese sugestiva, independentemente do segmento ST ou onda T; e/ou
Segmento ST e/ou onda T invertidos no mesmo sentido que o complexo QRS (concordantes); e/ou
Depressão do segmento ST com onda T positiva; e/ou
Onda T com padrão bifásico (primeiro positiva, depois negativa); e/ou
Onda T simétrica, invertida, ampla, com configuração afunilada, e segmento ST com declive horizontal, ligeiramente “curvado”, simulando uma convexidade superior; e/ou
Alterações progressivas, ao longo do traçado, do segmento ST (ex. o infradesnivalemento torna-se gradualmente mais, ou menos, acentuado).
Não sugestivo de isquemia se:
Anamnese não sugestiva de DCI; e
Segmento ST e onda T na direcção oposta do complexo QRS (discordantes) – no caso do BRD, segmento ST e onda T no sentido oposto à porção terminal do QRS); e
Segmente ST e onda T desviados no mesmo sentido; e
Segmento ST e onda T não variam ao longo do traçado ECG.