Ondas T Proeminentes

  1. Ondas T proeminentes definem-se como ondas T, positivas ou negativas, com amplitudes:
    1. >0,5mV nas derivações dos membros;
    2. >1mV nas derivações pré-cordiais.
  2. Embora ocorram em situações fisiológicas, podem ser o resultado de patologia grave e, por isso, devem ser estudadas.
  1. Variante do normal
  2. DCI aguda ou crónica
  3. HiperK
  4. HipoK
  5. Doença cerebro-vascular/hipertensão craniana
  6. Pericardite/miocardite
  7. Cardiomiopatias
    1. Hipertrófica
    2. De Takotsubo
  8. Pericardite/miocardite
  9. Sobrecardga ventricular
  10. Crise hipertensiva
  11. Extrassístoles ventriculares
  12. Repolarização precoce
  13. HVE
  14. HVD
  15. BRD
  16. BRE
  17. Repolarização precoce
  1. De acordo com suspeita clínica (ver abordagem).
  1. São vários os diagnósticos diferenciais de ondas T proeminentes, sendo essencial o contexto clínico em que ocorrem. Se os sintomas forem sugestivos de DCI aguda, ou houver dúvisdas em relação ao diagnóstico diferencial, o utente deve ser encaminhado ao SU.
  2. De seguida, apresentaremos algumas das causas mais frequentes de ondas T proeminentes, e as respectivas características electrocardiográficas. Para uma lista mais exaustiva, ver causas.
    1. Variante do Normal
      1. Ondas T com amplitudes > 0,5mV podem ser idiopáticas, não devendo, no entanto, exceder os
        1. 1,5mV nos homens;
        2. 1mV nas mulheres.
      2. Cumprem os restantes critérios de uma onda T fisiológica.
      3. Ondas T proeminentes são raras em situações fisiológicas (<2% da população) e como tal devem ser excluídos outros diagnósticos (ver pontos seguintes).
    2. DCI aguda
      1. EAM com supradesnivelamento do segmento ST
        • A primeira manifestação (cerca de 2 minutos após a oclusão arterial) de um EAM com supra de ST pode ser ondas T proeminentes, geralmente simétricas, em 2 ou mais derivações contíguas. Para a cronologia típica de eventos, ver o respectivo capítulo.
      2. EAM sem supradesnivelamento do segmento ST
        • Inversão acentuada (>0,5mV) da onda T;
        • Geralmente simétricas, não concordantes com o complexo QRS;
        • Não são específicas de EAM. No entanto, os seguintes sinais são extremamente sugestivos (ver respectivos capítulos):
          1. ST-T De Winter;
          2. Sinal de Wellens.
    3. HiperK
      1. Embora haja casos raros documentados de hiperK grave sem aletrações no ECG, e não haja uma boa correlação entre o ECG e a concentração de potássio, está descrita a seguinte evolução:
        • [K] 5,5-6,5 mEq/L: Onda T simétrica, proeminente, em tenda (ou seja, com o topo espiculado, ao contrário do EAM) e encurtamento do intervalo QT;
        • [K] 6,5-7,5 mEq/L: Perda da onda P e aumento do intervalo PR;
        • [K] 7,5-8,0 mEq/L: QRS largos;
        • [K] >8,0 mEq/L: QRS com padrão sinusoidal até ausência completa de actividade eléctrica.
    4. AVC
      1. Embora seja um padrão raro, pode ajudar o diagnóstico diferencial num contexto clínico sugestivo. Ocorre sobretudo nos AVC hemorrágicos.
        1. Inversão profunda das ondas T (amplitude >0,5mV), geralmente em várias derivações – chamadas ondas “T cerebrais”.
    5. Repolarização precoce
    6. No caso de HVEHVDBRDBREWPW, as ondas T proeminentes são geralmente secundárias a problemas de despolarização. No entanto:
      1. Sugestivo de isquemia se:
        1. Anamnese sugestiva, independentemente do segmento ST ou onda T; e/ou
        2. Segmento ST e/ou onda T invertidos no mesmo sentido que o complexo QRS (concordantes); e/ou
        3. Depressão do segmento ST com onda T positiva; e/ou
        4. Onda T com padrão bifásico (primeiro positiva, depois negativa); e/ou
        5. Onda T simétrica, invertida, ampla, com configuração afunilada, e segmento ST com declive horizontal, ligeiramente “curvado”, simulando uma convexidade superior; e/ou
        6. Alterações progressivas, ao longo do traçado, do segmento ST (ex. o infradesnivalemento torna-se gradualmente mais, ou menos, acentuado).
      2. Não sugestivo de isquemia se:
        1. Anamnese não sugestiva de DCIe
        2. Segmento ST e onda T na direcção oposta do complexo QRS (discordantes) – no caso do BRD, segmento ST e onda T no sentido oposto à porção terminal do QRS); e
        3. Segmente ST e onda T desviados no mesmo sentido; e
        4. Segmento ST e onda T não variam ao longo do traçado ECG.