Bloqueio do Fascículo Anterior Esquerdo (Hemibloqueio Anterior Esquerdo)

Figura – BFAE

Surge quando a actividade normal do sistema His-Purkinje (ramo anterior esquerdo) é interrompida ou está atrasada.

  1. QRS <120ms; e
  2. Desvio esquerdo do eixo, marcado: entre os -45 ° e -90 °  (isto é, positivo em DI, negativo em DII, DIII e aVF); e
  3. Padrão qR (com onda Q <0,5mV) em aVL; e
  4. Padrão rS em DII, DIII, e aVF; e
  5. O tempo para o pico da Onda R, em aVL, desde o início da Onda Q, é ≥ 45ms.

NOTA: Podem ocorrer Ondas Q de pequenas dimensões (<0,1mV) de V1-V3. Se forem de maiores dimensões, suspeitar de patologia.

 

  1. Idiopático (prevalência aumenta com a idade)
  2. Síndrome de apneia obstrutiva de sono (SAOS)
  3. Altos fluxos, alta pressão ou turbulência:
    1. Doença valvular
    2. HTA
    3. Cardiomiopatias (hipertrófica, dilatada)
  4. DCI (sobretudo da coronária descendente anterior)
  5. Doença de Chagas
  6. Doenças inflamatórias/infiltrativas
  7. Doenças neuromusculares
    1. Distrofia muscular miotónica
    2. Síndrome Kearns-Sayre
    3. Distrofia de Erb
  8. Cardiomiopatias congénitas
    1. Atrésia tricúspide
    2. Foramen Oval patente
    3. Ventrículo único
    4. Etc.
  9. Doença de Lenègre
  10. Doença de Lev
  11. HiperK
  12. Iatrogénico
    1. Uso de antiarrítmicos
    2. Pós cirurgia cardíaca

 

  1. Estudo Padrão
  2. ECG
  3. Holter, se clinicamente indicado (ex. palpitações, síncope)
  4. Ecocardiograma, se suspeita de cardiopatia
  5. Outros, de acordo com suspeita clínica

 

    1. Encaminhar para SU se:
      1. Bloqueio alternante de ramo ou bloqueio trifascicular; e/ou
      2. Suspeita de causa aguda grave (ex. EAM).
    2. Nos restantes utentes, realizar anamnese completa e pedir MCDT no sentido de procurar activamente, e reverter, possíveis causas.
    3. Encaminhar para consulta de Cardiologia se:
      1. Associado a patologia neuromuscular/genética (ex. atrofia nervo peroneal, Kearns-Sayre, Lév, etc.); ou
      2. Síncope de provável etiologia cardíaca e ausência de outra causa, além do hemibloqueio, após história clínica e MCDT, que melhor a justifique.
    4. Se associado a BRD (bloqueio bifascicular) ou outras alterações no ECG, agir de acordo as indicações desse capítulo.
    5. Nos restantes casos:
      1. A maioria dos doentes estará assintomática e sem história familiar sugestiva de patologia. Nesses casos, não é necessário um tratamento específico, mas há um risco de progressão para fibrilhação auricular e insuficiência cardíaca: controlar FRCV, optimizar terapêutica, vigiar sintomas e repetir MCDT  se clinicamente justificado (ex. palpitações de novo).

NOTA: para bloqueio bifascicular, ver BRD.